quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

A MUDANÇA É DE ATITUDE


Gilvan Azevedo

"As pessoas tendem a acreditar naquilo que esperam ser verdade" (Francis Bacon, filósofo, 1561-1626).

Mesmo que os temas criatividade e inovação sejam frequentemente utilizados de forma até banal e existam confusões conceituais em torno deles, o interesse por criatividade e inovação parece só aumentar nos últimos tempos. Fala-se muito de processo criativo, liderança inovadora, cultura de inovação, transformação da cultura organizacional e outros relacionados à necessidade de mudanças.

Entretanto, percebemos que as sociedades e grupos sociais em geral, incluindo empresas e instituições, exibem contradições quando se defrontam com a perspectiva de mudanças. Se por um lado, todos parecem estar convencidos da necessidade de mudar e, no discurso, se declarem entusiastas, de outro imperam diversas forças que defendem o status quo, buscando resistir e até mesmo hostilizar qualquer possibilidade de alteração na situação atual.

Na verdade, o temor à mudança tende a gerar uma disfarçada resistência ao processo criativo, já que este conduziria a transformações. Realidade e percepção são duas componentes vitais em processos de mudança e extremamente importantes até mesmo quando se trata da operação diária e da busca de uma gestão eficaz. São como dimensões paralelas que moldam a mudança. Por isso, pode-se dizer que se uma mudança é desejada, é preciso que se mude duas vezes: não apenas a realidade que o cerca, mas também a sua percepção dessa realidade.

A partir dessa constatação, poderíamos então dizer que a criatividade é o modo como o indivíduo tem êxito em mudar a sua percepção, imaginando um novo sistema ou um novo funcionamento. A inovação seria, por sua vez, uma abordagem mediante a qual uma equipe consegue mudar a realidade, produzindo algo de novo para o sistema. Se a criatividade está ligada à reflexão e à geração de ideias, a inovação está voltada para a ação.  Inovação é nova ação; a ideia é só o começo.

Vale então alertar que a cultura vigente em um grupo tende a inibir nos indivíduos e no próprio grupo a disposição para diversificar o jeito de pensar, reduzindo-lhes a possibilidade de intervir na situação e gerando uma atitude passiva em relação aos desafios a serem enfrentados. A maneira de pensar, manifestada como atitude, pode então ajudar ou dificultar a intervenção do indivíduo ou grupo na realidade.

O que fazer então? Para as mudanças desejadas acontecerem ou para se gerar criatividade e inovação, o caminho passa por despertar nos indivíduos e/ou grupos as atitudes que os mobilizam em direção à situação desejada, ao mesmo tempo em que se procura neutralizar aquelas que os desmobilizam.

Falando aqui sobre as atitudes "mobilizadoras", poderíamos resumi-las a três: a primeira seria uma atitude protagonista ou a vontade de intervir no mundo, de estar no palco onde a ação se desenrola; a segunda teria a ver com a abertura à experiência, que passa pela experimentação de novos comportamentos e pela alegria em experimentar, sejam protótipos de produtos ou novos funcionamentos estruturais, por exemplo. Seria exercitar a tolerância ao erro e abrir-se para o aprendizado. E a terceira é desenvolver a prontidão para agir, realizando o que foi idealizado.

Em nossa experiência e com base em estudos diversos, vê-se que a reflexão de como cada um e o grupo encontra-se em termos dessas atitudes, somada à prática continuada dos mecanismos que as despertam gera exatamente o círculo virtuoso que torna possível o desenvolvimento delas.

Workshops como o que realizamos utilizando a nossa Metodologia do Insight PragmáticoÒ (M.I.P.®) permite a prática do pensar e do fazer que gera nos indivíduos a possibilidade de desenvolver e utilizar tais atitudes, tornando mais fácil o caminho da mudança e da inovação.
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Gilvan Azevedo ( navlig@gmail.com), sócio-fundador da z2do, provê coaching executivo e de carreira e faz consultoria em estratégia e inovação.  Facilita workshops de processos criativos, inovação e desenvolvimento de lideranças e faz palestras nas áreas de estratégia, criatividade e inovação, gestão de mudanças, liderança, cultura organizacional e gestão. A z2do acredita que, em inovação e processos de mudança em geral, desenvolver as atitudes que mobilizam o pensar criativo é a chave para alcançar os resultados desejados.
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