segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

D I N H E I R O



Sem ele não há cova – quem enterra
Assim grátis a Deo? O batizado
Também custa dinheiro. Quem namora
Sem pagar as pratinhas ao Mercúrio?

Demais, as Dánaes também o adoram.
Quem imprime seus versos, quem passeia,
Quem sobe à Deputado, até Ministro,
Quem é mesmo Eleitor, embora sábio,

Embora gênio, talentosa fronte,
Alma Romana, se não tens dinheiro?
Fora a canalha de vazios bolsos!


O mundo é para todos... Certamente,
Assim o disse Deus – mas esse texto
Explica-se melhor de outro modo,

Houve um erro de imprensa no Evangelho:
O mundo é um festim – concordo nisso,
Mas não entra ninguém sem ter as louras.

Referência: AZEVEDO, Álvares de. Macário. In: Macário, Noite na taverna e poemas malditos. Seleção e apresentação de Hildon Rocha. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1983.

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